Entenda mais sobre a doença, sintomas, tratamento e exames que avaliam as complicações provocadas pela enfermidade
Causada por uma inflamação das pequenas vias aéreas dos pulmões, os chamados bronquíolos, a asma é uma doença que afeta cerca de 20 milhões de brasileiros, de acordo com a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT). ODia Mundial de Combate à Asma celebra-se, anualmente, na primeira terça-feira do mês de maio que, este ano, cai no dia 3. A data é organizada pela GINA (Global Initiative for Asthma – Iniciativa Global para a Asma), da Organização Mundial de Saúde (OMS), e tem como objetivo conscientizar a população sobre essa doença crônica que precisa ser tratada.
De acordo com o pneumologista do Hospital Brasília unidade Águas Claras e integrante do Núcleo de Assistência Ventilatória (Nuav) da unidade, Dr. Thiago Fuscaldi, a asma provoca sintomas como falta de ar, tosse seca, chiado e aperto no peito e pode ser gerada ou agravada por fatores genéticos, como histórico familiar da doença, rinite ou obesidade; ou ambientais, como poeira, barata, ácaros e fungos, mudanças no clima e infecções por vírus, sobretudo o vírus sincicial respiratório e o rinovírus, que são os principais causadores de pneumonias e resfriados.
“De modo geral, essa complicação pode se apresentar em forma de crises que surgem e desaparecem, provocadas por viroses respiratórias, agentes alergênicos e mudanças no clima, entre outros gatilhos. Em outros casos, os sintomas podem ser persistentes, variando em frequência e intensidade, de uma a duas vezes por mês, até sintomas diários e durante a noite, associados à perda da função pulmonar”, explica o pneumologista. De acordo com a gravidade, a patologia pode ser classificada como: intermitente, persistente leve, persistente moderada ou persistente grave.
Tratamento
Existem vários tratamentos e medicamentos testados e com ótima eficiência contra o quadro. Esses fármacos revolucionaram a terapêutica, ao ponto de a letalidade dessa doença ter diminuído muito nos últimos anos. “Xaropes e remédios caseiros não têm eficácia comprovada e podem atrasar o início do tratamento e acompanhamento adequado”, alerta o especialista.
A maior parte das pessoas que têm a doença é tratada com dois tipos de medicação: uma chamada controladora ou de manutenção, que tem o objetivo de evitar o surgimento dos sintomas e prevenir as crises, e outra para aliviar os sintomas quando acontece a piora. “Dessa forma, quando o paciente é avaliado pelo médico e bem orientado, há diminuição do risco de desenvolver crises e da perda futura de capacidade respiratória”, explica o pneumologista.
Os fármacos mais frequentemente utilizados são os broncodilatadores e os corticoides inalatórios (anti-inflamatórios). Estes são administrados em associação ou isolados, por meio de dispositivos inalatórios (as “bombinhas”). “Esses dispositivos permitem que a medicação atue diretamente nas vias aéreas inferiores, no interior do pulmão, com mínima absorção pelo organismo em geral e baixo risco de efeitos colaterais”, ressalta o médico.
O especialista explica ainda que, em alguns casos, também são utilizadas medicações que bloqueiam os receptores das células relacionados com os processos alérgicos (receptores de leucotrieno) e, nos casos mais graves, são prescritos imunomoduladores (anticorpos monoclonais), remédios que bloqueiam as vias relacionadas com o estímulo das células responsáveis pelos processos alérgicos e inflamatórios. “Quem vai orientar sobre a melhor conduta é o médico pneumologista”, lembra Dr. Thiago.
Asma e bronquite: qual a diferença?
A bronquite é uma inflamação dos brônquios geralmente relacionada com algum processo infeccioso viral ou bacteriano. Essa inflamação também pode estar presente na asma. Porém, nesse caso, a inflamação é crônica e os sintomas, com frequência, são persistentes e reincidentes, independentemente da presença de um fator infeccioso envolvido.
“Os sinais dessas doenças são muito parecidos e, via de regra, é necessário acompanhamento e avaliação de um médico especialista para a definição do diagnóstico”, destaca o médico.
Exames de imagem
De acordo com o médico radiologista Wagner Diniz de Paula, do Exame Medicina Diagnóstica/Dasa, quando o assunto é asma, o objetivo dos exames de imagem não é o diagnóstico da doença em si, mas a identificação de complicações ou causas alternativas de sintomas semelhantes.
O especialista afirma que a radiografia do tórax é o exame de imagem inicial na maioria dos pacientes com sintomas de asma. Segundo ele, é um exame simples e rápido, que usa uma dose muito pequena de radiação, e pode mostrar algumas complicações da asma como, por exemplo, pneumonia ou pneumotórax, ou diagnósticos alternativos. “Entretanto, apesar de ser útil neste rastreio, tem um papel menor na avaliação das exacerbações e na caracterização de quadros crônicos de difícil controle”, destaca o radiologista.
Para os casos mais complexos, a tomografia computadorizada de alta resolução do tórax (TCAR) pode ser o mais indicado. “A TCAR também requer o uso de radiação X (em doses mais altas que as da radiografia, mas ainda dentro dos limites considerados seguros para investigações diagnósticas) e é o método de imagem mais sensível para detectar as alterações relacionadas à asma e também para identificar complicações e outras anormalidades que podem simular asma”, conclui o médico.