
Apesar de mais conhecida nos últimos anos, a doença ainda é cercada por diagnósticos errados, confundida com obesidade ou celulite. Especialista explica os sinais e as opções de tratamento.
Junho é o mês de conscientização do lipedema, uma doença crônica, inflamatória e ainda pouco compreendida, que afeta quase exclusivamente mulheres. No Brasil, mais de 5 milhões de mulheres podem ter lipedema e não sabem, conforme indicativos do Instituto Lipedema Brasil. A nível mundial, 10% das mulheres convivem com a doença, que provoca acúmulo anormal de gordura no corpo, especialmente nas pernas, coxas, quadris e, em alguns casos, braços — que provoca dor, inchaço e impactos profundos na autoestima e na qualidade de vida.
Embora o assunto tenha ganhado mais visibilidade nos últimos anos, o diagnóstico ainda é um desafio. Muitas mulheres passam por longos períodos de frustração, recebendo diagnósticos equivocados de obesidade ou celulite, o que retarda o início do tratamento adequado.
O lipedema tem origem genética e hormonal, sendo mais comum em mulheres e agravado em períodos de alteração hormonal, como puberdade, uso de anticoncepcionais e menopausa. Apesar de ser confundido com obesidade, o lipedema não responde da mesma forma a dietas e exercícios físicos.
“O lipedema é uma condição complexa, que exige um olhar atento e um diagnóstico clínico adequado. A mulher pode não ser obesa e ainda assim apresentar gordura localizada dolorosa, hematomas frequentes e desproporção entre tronco e membros inferiores. O mais importante é entender que se trata de uma doença, não de uma falha estética”, explica o médico integrativo Dr. Breno Pitangui.
Sinais de alerta
Entre os principais sintomas do lipedema estão:
- Dor e sensibilidade nas pernas, especialmente ao toque
- Inchaço e gordura acumulada de forma desproporcional
- Formação fácil de hematomas
- Dificuldade de locomoção em estágios mais avançados
- Problemas de autoestima, ansiedade e depressão
A doença é progressiva e, sem acompanhamento, pode evoluir para quadros mais graves, como deformidades nos membros, dificuldade para caminhar e até linfedema.
E quais são as opções de tratamento?
Embora não tenha cura, o lipedema pode ser controlado com uma abordagem multidisciplinar. De acordo com o Dr. Breno, o tratamento ideal varia conforme o estágio da doença e as necessidades de cada paciente. O foco está em controlar a inflamação, melhorar a circulação, aliviar a dor e, quando necessário, reduzir o volume corporal das áreas afetadas.
“O primeiro passo é fazer uma avaliação detalhada, que pode incluir exames como a bioimpedância, importante para medir a composição corporal. A partir daí, é possível definir as estratégias mais adequadas para cada caso”, explica o médico.
Entre os recursos utilizados no tratamento estão:
- Ajustes hormonais: ajudam a reduzir a inflamação e melhorar o metabolismo
- Plano alimentar anti-inflamatório e individualizado
- Medicações manipuladas e uso controlado de fármacos emagrecedores, como as chamadas canetas emagrecedoras: utilizadas como coadjuvantes no controle do apetite e na melhora da resistência à insulina, essas medicações podem auxiliar na redução do volume corporal em áreas afetadas, sempre com prescrição médica e dentro de uma conduta personalizada
- Drenagem linfática e fisioterapia especializada
- Ultrassom terapêutico (Deep Slim) para aliviar a dor e o inchaço
- Tratamentos estéticos complementares, como Subcision
- Lipoaspiração especializada, indicada em casos mais graves e sempre como último recurso
“O importante é compreender que o tratamento vai além da estética. Ele busca devolver qualidade de vida e bem-estar físico e emocional para as pacientes. Quando o lipedema é tratado de forma correta, os resultados podem ser transformadores”, afirma o Dr. Breno.
Um problema invisível que precisa ser falado
Com tantos impactos físicos e emocionais, o lipedema precisa deixar de ser invisível. O mês de junho representa um momento importante para levar informação à população, ampliar o conhecimento sobre a doença e encorajar mulheres a buscar avaliação médica caso identifiquem os sintomas.
“O diagnóstico precoce é fundamental. Com o tratamento adequado, é possível evitar a progressão da doença e melhorar significativamente a qualidade de vida das pacientes”, conclui o especialista.