Atividade acontece nos dias 18 e 19 de fevereiro no Espaço Cultural 508 Sul
Agbês a postos, a Sereiada vai começar! Na próxima terça (18) e quarta (19) de fevereiro, a dançarina e batuqueira, Júnia Cascaes, integrante, co-fundadora e co-criadora do grupo Seu Estrelo, vai ensinar aos brasilienses a arte de tocar o agbê (ou xequerê). O instrumento percussivo tem origem africana e chegou ao Brasil pelos terreiros, incluído inicialmente nos afoxés e mais tarde nos maracatus nação, mas em Brasília ganhou ritmo, simbologia e história própria. As aulas acontecem no Espaço Cultural Renato Russo, das 19h às 21h, são voltadas para o público adulto e gratuitas.
As oficinas são independentes, mas quem quiser pode repetir a dose e participar dos dois dias. Dica importante: vá com roupas confortáveis e leve o seu agbê. Interessadas/os em participar podem fazer a inscrição através do site http://www.espacoculturalrenatorusso.com.br/ . Mas não perca tempo, as vagas são limitadas!
A simbologia dos agbês na terra dos candangos
Segundo Júnia, o agbê é um importante elemento que compõe a cultura nascida e inventada por aqueles que cresceram em Brasília. Ele tem uma forte presença, por exemplo, no ritmo criado para cidade: o samba pisado, marca registrada do grupo Seu Estrelo e da Orquestra Alada Trovão da Mata, ambos grupos que carregam expressões culturais tipicamente candangas.
“Eu conheci o agbê quando começamos o grupo Seu Estrelo, há 15 anos. Nesse tempo não haviam vídeos e informações na internet e eu não tinha referências da cultura do Nordeste. Nunca tinha visto um maracatu, um afoxé nem mesmo um agbê. Conheci então o instrumento ao mesmo tempo em que criávamos o Samba Pisado, um ritmo para a cidade. Nesse contexto os toques foram ganhando uma característica muito própria”, relembra a batuqueira.
Júnia conta que a dança, sempre presente em sua vida e formação, foi o pontapé inicial para a descoberta do agbê.
“ Sou dançarina desde pequena, mas não tinha experiência com fazer música até então. Fui descobrindo aqueles toques a partir da minha dança. Hoje proponho a integração total do instrumento com o corpo e a apropriação de cada pessoa de suas pesquisas e descobertas junto ao agbê”, complementa.
O Mito da Sereia Luzia
Envolvido na mitologia cerratense como um elemento simbólico das sereias, os agbês representam muito mais que um simples instrumento. O mito da Sereia Luzia envolve e enriquece o toque do objeto que ganhou vida própria.
“Dentro do samba pisado os agbês representam as águas, os tambores a terra, a caixa o fogo e o gonguê o vento. Daí foi surgindo também uma personagem em mim, a Sereia Luzia, e essa oficina que proponho: a Sereiada. Onde num contexto profundo, percebemos os agbês como instrumentos de magia das sereias de rio”, esclarece Júnia.
Sobre a personagem, a criadora explica: “A Sereia Luzia é uma colhedora de lágrimas. Ela colhe as lágrimas dos seres, tira o sal e com o doce das lágrimas rega os rios. Assim renova as águas dos rios e cura os sentimentos das pessoas. No fundo do Rio, como aprendi no Seu Estrelo, mora a Dona Eternidade, mãe dele, então esses sentimentos seguem doces com ela”.
O projeto além das oficinas
As aulas de agbês fazem parte de um projeto maior, que conta com fomento do FAC e tem como foco a montagem do espetáculo “Sereia Luzia da Estrela Molhada”. A peça terá cinco apresentações gratuitas que estão previstas para acontecer nos meses de junho e julho, em diferentes pontos do DF. De acordo com Júnia, “o espetáculo traz a dança e a percussão popular brasiliense, mergulhadas na mitologia das sereias de rio do cerrado e em músicas autorais”.
Serviço – oficina de Sereiada
Data: 18 e 19 de fevereiro
Horário: das 19h às 21h
Local: Espaço Cultural Renato Russo (508 Sul)
Inscrições: http://www.espacoculturalrenatorusso.com.br/