Estratégias inteligentes trazem conforto, beleza e bem-estar aos moradores
Com o passar dos anos, a metragem dos imóveis residenciais foi diminuindo. Para se ter uma ideia, os apartamentos mais antigos de Brasília, possuem cerca de 100m², o que é uma raridade nos dias de hoje. Atualmente é muito comum ter lançamentos com apenas 60 m² projetados para abrigar uma família de até quatro pessoas. Tudo depende da disposição dos ambientes, dos móveis escolhidos e até mesmo da iluminação. Sim, até ela conta na hora de ampliar e valorizar um ambiente.
As arquitetas Leny Okada e Priscila Bonifácio, do escritório IEZ Design, explicam que investir em boas soluções de design e arquitetura permitem resultados inusitados e brilhantes. “Os projetos de interiores não só embelezam como também apresentam soluções práticas e funcionais para todo tipo de imóvel, principalmente os pequenos”, esclarece Priscila. Elas destacam cinco estratégias inteligentes que podem ajudar a ampliar os imóveis pequenos.
1) Integração dos ambientes
A ideia de ampliar a cozinha para a sala não é somente para fazer uma cozinha americana, mas para reduzir a divisão excessiva dos ambientes, a chamada “compartimentação”. Quanto menos paredes separando os espaços como sala, cozinha, corredor e área de serviço, melhor. Utilizar divisórias de vidro translúcido garante que a luz passe de um ambiente pro outro. Portas de correr , assim como divisórias vazadas, permitem delimitar os cômodos permitindo, além da passagem de luz, a circulação de ar entre os ambientes.
“O uso de painéis corrediços, ou de grandes portas de correr ou girar, permitem a amplitude e integração dos ambientes, formando um grande espaço quando abertos e, quando necessário, podem ser fechados para dar privacidade aos usuários de cada ambiente. A privacidade não deve ser ignorada”, alerta Leny.
2) Móveis na escala certa
Optar por móveis planejados é a melhor alternativa para não errar. “Quando o imóvel é maior, temos mais liberdade para usar peças de mobiliário pré-fabricadas, sem nos preocuparmos com as medidas, ou se o móvel vai se encaixar no espaço. Por isso os móveis planejados são aliados importantíssimos, caso o imóvel não tenha tanto espaço”, explica Priscila. A arquiteta destaca ainda que os planejados permitem agrupar mais de uma função no mesmo móvel. Por exemplo: um móvel serve como rack para a televisão na sala, e no ambiente por trás ele pode abrigar um guarda-roupas ou uma escrivaninha, além de poder propiciar os painéis corrediços citado anteriormente.
3) Circulação
É sempre importante observar a posição das paredes e das portas e alterar a disposição dos móveis com o objetivo de ter uma circulação centralizada, deixando os ambientes livres para suas respectivas funções. “É muito comum vermos ambientes pequenos onde a pessoa entra por um canto e tem que passar pelo meio da sala para ir até o próximo ambiente ou para chegar até o corredor dos quartos. Esse “zigue-zague” nos ambientes, não é cognitivamente agradável, pois não beneficia a dinâmica do dia a dia , podendo desencadear também uma sensação de desorientação”, alerta Leny.
Um bom exemplo, segundo as arquitetas, seria a porta de entrada estar posicionada de modo que não se abra diretamente para o meio de um ambiente, como uma sala. O objetivo seria evitar a perda de espaço para armários, painéis, um melhor posicionamento do sofá e até mesmo uma melhor circulação de acesso aos ambientes próximos a ela. “Quando vemos imóveis construídos sem projetos, obras executadas sem conhecimento técnico por pessoas não habilitadas, é comum encontrarmos casos de circulação muito prejudicada. Isso representa uma perda enorme de área útil, pois a circulação é uma função importante dos imóveis e quase sempre ela é ignorada”, explica Priscila.
4) Horizontalidade
Como imóveis menores não tem muita amplitude, e os ambientes são mais curtos e estreitos, uma técnica importante para dar uma sensação de amplitude e profundidade em um espaço é trabalhar com elementos horizontais (longos) no ambiente, e de preferência posicionados em locais mais baixos, próximos ao chão (como sofás, mesas de centro, racks, aparadores etc) ou mais altos, próximo ao teto (prateleiras, armários suspensos).
Na hora de escolher um sofá, por exemplo, optar por um modelo mais baixinho e com um design mais comprido e fino do que um mais ‘gordinho’ e profundo. Já o rack da sala, deve ser mais comprido e baixinho, que ocupe grande parte do comprimento da parede. Caso falte espaço para guardar as coisas, um armário superior, também longo e estreito, acompanhando o rack, é a melhor pedida. Na cozinha, bancadas mais lineares e armários, tanto inferiores quanto superiores, sempre horizontais. Já nos quartos, a dica é cabeceira na horizontal, móveis sob medida posicionados em locais estratégicos, evitar aqueles armários pesados nas laterais da cama e se for preciso algum móvel de apoio, optar por aqueles com design leve.
5) Iluminação
Uma iluminação bem aplicada não só amplia, mas também valoriza o ambiente. Quando a iluminação é muito central, além de não clarear direito e de causar estouro na luz, cria uma área de sombra no ambiente, e isso pode causar a sensação de o ambiente ser menor do que realmente é. Junte isso a uma parede com pintura opaca ou acetinada e a sensação piora, pois superfícies foscas e sem brilho absorvem muito a luz. De um modo geral, é válido usar sempre uma textura que reflita mais a luz do ambiente, como pinturas semi-brilho nas paredes. “O ideal é trabalhar uma iluminação mais periférica, seja com spots ou rasgos com LED, e usar pontos estratégicos para valorizar um ou outro elemento. Uma dica muito legal é separar os circuitos da iluminação pois, quando quiser deixar o espaço mais aconchegante e à meia luz, pode-se escolher quais luzes acender ou então dimerizá-las”, ensina Leny.