Solista Davide Carbone, jovem tenor italiano, canta “Volare” acompanhado por 75 músicos
No mês de maio a Europa festeja desde 1950 a paz e a unidade no continente, sonho tantas vezes frustrado por guerras e conflitos. Em 2020, o Velho Mundo voltou a experimentar um revés ao cruzar, um pouco antes da data, no dia 9, a marca das 100 mil mortes causadas pelas batalhas contra a pandemia do novo coronavírus. Para homenagear essas populações, a Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro (OSTNCS) decidiu por um voo simbólico de solidariedade.
“Volare” – “Voar”, o título popular do clássico italiano “Nel blu dipinto di blu” (“No azul pintado de azul””, 1958, de Domenico Modugno e Franco Migliacci) – ganha uma apresentação de gala, com 75 músicos da OSTNCS, regidos pelo maestro Cláudio Cohen, acompanhando virtualmente o vibrato límpido do solista italiano Davide Carbone, jovem tenor de arrebatadas interpretações, como a que lhe rendeu a vitória na edição de 2016 do The Voice Itália, quando recebeu no Facebook mais de 1.300.000 “likes” depois de cantar “Io che amo solo te” (Sergio Endrigo, 1962).
“Volare é uma das músicas italianas mais conhecidas do mundo. Eu a escolhi porque é a história de um sonho, e acho que realmente precisamos disso agora. De nos confundir com a cor do céu, olhar nos olhos daqueles que amamos e voltar a voar em direção à liberdade e ao infinito”, afirma Davide, o caçula da família milanesa de dez filhos, nascido em 1988, que se declara apaixonado pelo Brasil e sua língua.
“Aprendi o português indo ao Brasil nas férias, falando com as pessoas, pedindo ajuda pra achar praias, nos supermercados ao fazer compras”, revela o cantor. “O Brasil é minha segunda pátria. Gosto da sua cultura, da maneira de enfrentar a vida, gosto do sol, do mar e das infinitas e múltiplas paisagens que o distinguem. Talvez essa também seja uma maneira de representar liberdade e infinito, como voar”.
Carbone considerou “muito boa” a experiência de gravar virtualmente com a OSTNCS. “Me vi cantando sozinho, mas conectado à orquestra. Reforçou ainda mais aquele sentimento de infinito que as palavras de ‘Volare” expressam há mais de 60 anos.”
O regente da Sinfônica considera ‘Volare’ um clássico da música italiana e, “embora popular, tem elementos que possibilitam o diálogo com a música clássica”. Ele conta que o vídeo será divulgado na Europa por meio de uma parceria da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec) com a Embaixada da Itália. “É uma forma de darmos apoio a nossos irmãos italianos, que passaram por toda essa dificuldade e felizmente agora começam a se recuperar”.
Sobre o tenor italiano, Cohen diz que é um cantor de excepcional talento musical. “Para mim é uma satisfação trabalharmos juntos na produção deste vídeo”.
O trompista Ellyas Lucas Souza e Veiga, titular na edição dos vídeo da Sinfônica, manifesta satisfação com o resultado: “a participação de Davide não trouxe nenhuma dificuldade adicional. Fiquei muito feliz por estarmos trabalhando com um músico de outra nação. Isto mostra que, para a música, não existem limites geográficos”.
O tenor italiano, que comemorou seu aniversário no último dia 19 em isolamento, se despediu da entrevista com um depoimento sobre os aprendizados que a pandemia propicia ao mundo.
“Eu acho um momento dramático, difícil de entender. Nunca pensei que um vírus pudesse nos dominar e causar tantas mortes. Na Itália, foi realmente difícil. Aprendi que o tempo tem um grande valor e que, apesar do isolamento, muitas coisas bonitas podem ser feitas. Aprendi a confiar naqueles que sabem mais do que eu. Fiz ligações para amigos brasileiros e italianos, juntando-me a eles, mesmo que tão distantes. E continuei cantando. Espero que tudo termine em breve e que esta lição nos sirva no futuro”.
Orquestra grava vídeo de solidariedade às vítimas do coronavírus na Europa em mês do continente – SECRETARIA DE ESTADO DE CULTURA E ECONOMIA CRIATIVA<http://www.cultura.df.gov.br/orquestra-grava-video-de-solidariedade-as-vitimas-do-coronavirus-na-europa-em-mes-do-continente/>www.cultura.df.gov.br
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