APRESENTA PIXINGUINHA COMO NUNCA
Espetáculo musical traz à luz seleção de 26 obras inéditas do compositor de Carinhoso
O Centro Cultural Banco do Brasil Brasília apresenta em abril uma seleção de 26 obras inéditas de ninguém menos que o genial Pixinguinha, um dos músicos mais completos que o Brasil já produziu. O espetáculo Pixinguinha como Nunca ocupa o CCBB Brasília de 1 a 3 de abril, sempre às 19h30, com ingressos a R$ 30 (inteira), e tem direção do ator e cantor Marcelo Vianna, neto de Pixinguinha, direção musical e arranjos do músico, produtor e pesquisador Henrique Cazes e direção executiva de Lilian Barretto. O projeto é patrocinado pela BB Seguros.
Henrique Cazes, com seu cavaquinho, estará à frente do Sexteto do Nunca, conjunto instrumental completado por Marcelo Caldi (sanfona), Carlos Malta (flauta e sax), Silvério Pontes (trompete e flugelhorn) Marcos Suzano (percussão) e João Camarero (violão de 7 cordas). Em participação especial, Marcelo Vianna. Após o segundo espetáculo, no dia 2 de abril, haverá um bate-papo com os músicos sobre o modo composicional de Pixinguinha e como os arranjos foram pensados para quais instrumentos.
“Os arranjos dão ênfase à perene modernidade do gênio do choro”, explica Cazes, que procurou contemplar a grande riqueza rítmica da obra de Pixinguinha na escolha do repertório. A seleção das obras inéditas que estão no programa do espetáculo segue a panorâmica de gêneros que Pixinguinha abordou. Choro, samba, polca, tango, o choro mais dolente, todo um arco com as composições dos anos 1910 até 1970. “Há uma valsa inspiradíssima no repertório, Paraibana, escrita por Pixinguinha pouco antes de morrer, em 1973. E as peças inéditas escritas em 1920 para a revista teatral Flor tapuya (com letras de Danton Vampré e Alberto Deodato) mostram um insuspeito Pixinguinha com sotaque nordestino”, detalha Cazes.
A descoberta das inéditas é o resultado de uma cuidadosa pesquisa no acervo do compositor, encampada no ano 2000 pelo Instituto Moreira Salles, que se somou em 2017 à varredura no material em posse de outros compositores e instrumentistas. O resultado trouxe à luz mais de 50 músicas jamais gravadas – algumas, apenas tocadas em transmissões radiofônicas.
Pode parecer estranho que a obra de um nome tão impressionante da música brasileira, que alcançou tamanho respeito – Carinhoso, afinal, é tido como um hino não oficial da MPB – tenha ainda trechos de sombra. Henrique Cazes, que mergulhou na música de Pixinguinha há mais de 30 anos – fundou a Orquestra Pixinguinha, que saiu em disco em 1988, registrando as fantásticas orquestrações de Pixinga – vê algumas pistas. “Pixinguinha é uma figura mitificada, às vezes adorada, mas sua produção musical em si é pouco estudada”, diz. “Há circunstâncias históricas a considerar. Uma delas, a invasão das big bands americanas no rádio dos anos 1930, e a reação a isso foi transportar tudo o que havia antes para a gaveta do ‘passadismo’. O choro fica velho de um dia para o outro. E de certo modo, submerge para o grande público por longas décadas”.
Cazes vê ainda outra questão nessa ausência – cultural. “E, claro, há uma dificuldade de base, a de enxergar um homem negro como criador estruturante, e não como artista espontâneo. Portanto, o estudo de sua produção por muito tempo não se aprofundou na direção da sua finíssima técnica”. Na escolha dos músicos que compõem o sexteto, Cazes e Vianna miraram um pouco fora do círculo habitual do choro – “quis montar um som menos convencional, com presenças de Malta e Suzano, por exemplo”.
Marcelo Vianna e Henrique Cazes fizeram uma robusta série de aulas-espetáculos entre 2015 e 2017 em torno da obra de Pixinguinha – “Pixinguinha: as 5 estações”. O projeto da reunião das inéditas começou em 2018. A seleção das obras inéditas que estão no programa do espetáculo segue a panorâmica de gêneros que Pixinguinha abordou.
“Na verdade, falar em 50 inéditas nos parece, diria, uma subnotificação”, avisa Cazes. “Pixinguinha entregava partituras sem cópia para músicos amigos, por exemplo, assim como orquestrações ficaram dispersas; o baú ainda reserva surpresas”.
Marcelo Vianna ressalta que essa é “uma nova chance de conhecer um dos maiores da música”. “Lido com esse acervo desde que me profissionalizei na música e no teatro, e tenho a percepção do herdeiro, mas também do brasileiro, com um orgulho infinito”.
Encantamento é palavra repetida pelos dois parceiros no projeto. “Em meio a tantas perdas, a música de Pixinguinha traz luz e energia”, garante Cazes, que tocou cada uma das partituras descobertas “com um prazer indescritível”. Marcelo, que lembra a proximidade do cinquentenário de morte de seu avô, em 2023, não tem dúvidas: Pixinguinha “é aqui e agora, contemporâneo, eterno”.
Depois de passar pelos CCBBs São Paulo, Rio e Brasília o espetáculo Pixinguinha Como Nunca segue em turnê pela unidade Belo Horizonte, nos dias 29/04, 30/04 e 01/05.
PROGRAMA
· Abertura (versos de Moacyr Luz sobre fragmentos de Pixinguinha)
· Lembro-me do passado (Pixinguinha) polca choro
· Choro nº 7 (Pixinguinha)
· Choro em Fá maior (Pixinguinha)
· Para não te esquecer (Pixinguinha) choro canção
· Feitiço (Pixinguinha) samba
· Modo de Olhar (Pixinguinha)
· Jagunça (Pixinguinha) polca vagarosa
1º dia de show (1/4)
· Modinha (Pixinguinha)
· Choro de “Um dia qualquer” (Pixinguinha)
2º dia de show (2/4)
· Poética (Pixinguinha)
· Pato de Cabidela (Pixinguinha)
3º dia de show (3/4)
· As harmonias do mocinho (Pixinguinha)
· Polca em Dó Maior (Pixinguinha)
· Paraibana (Pixinguinha) valsa
· Pela última vez (Pixinguinha)
· Foge de mansinho (Pixinguinha) choro dolente
· No cacique do Armando (Pixinguinha)
· One Step (Pixinguinha)
· Do tango ao amor (Pixinguinha)
· Meu Coração (Pixinguinha / Danton Vampré / Alberto Deodato)
· Amor de sertaneja (Pixinguinha / Danton Vampré / Alberto Deodato)
· Caboclo lindo (Pixinguinha / Danton Vampré / Alberto Deodato)
· Saudades do Cafundá (Pixinguinha)
· Luiz tocando (Pixinguinha) maxixe
· Carinhoso (Pixinguinha-João de Barro) 1ª vez com letra inédita de Pedro Caetano, 2ª vez com letra de João de Barro
SERVIÇO:
Ministério do Turismo apresenta
BB Seguros apresenta e patrocina
Pixinguinha como nunca
CCBB BRASÍLIA
Dias: 1 a 3 de abril
Horário: 19h30
Bate-papo com os músicos: 02/4, após o espetáculo
Ingressos: bb.com.br/cultura e bilheteria do CCBB
R$ 30,00 – inteira e R$ 15,00 – Funcionários e clientes do BB, estudante, professores da rede pública, sênior acima de 60 anos
Duração: 60min
Capacidade: 320 lugares
Classificação indicativa: livre
Local: CCBB BRASÍLIA – Teatro I
Endereço: SCES, Trecho 2
Contato: (61) 3108-7600
Acesso para portadores de necessidades especiais
Site: bb.com.br/cultura
Facebook/ccbb.brasilia
Twitter/ @ccbb_df
Instagram/ccbbbrasilia
Youtube/ Bancodobrasil
FICHA TÉCNICA
Sexteto do Nunca
Henrique Cazes – cavaquinho
Marcelo Caldi – sanfona
Carlos Malta – flauta e sax
Silvério Pontes – trompete e flugelhorn
Marcos Suzano – percussão
João Camarero – violão de 7 cordas
Marcelo Vianna – voz (participação especial)
Direção artística: Marcelo Vianna
Direção musical e arranjos: Henrique Cazes
Direção executiva / Coordenação geral: Sonata Produções Artísticas / Lilian Barretto
Produção executiva: Sonja Figueiredo
Assessoria de produção: Isabelle Suarez
Programação visual e Design: Haroldo Cazes
Iluminação: Paulo César Medeiros
BIOS
Marcelo Vianna – diretor artístico e intérprete
Cantor, compositor e ator. Iniciou sua carreira na década de 1990, dividindo palco com Paulinho da Viola, Baden Powell e João Nogueira. Foi semifinalista do Prêmio Visa – Edição Vocal e indicado ao Prêmio Rival BR de música. Neto de Pixinguinha e herdeiro das mais expressivas e referentes expressões da nossa cultura, o Samba, Marcelo tem em sua discografia dois discos emblemáticos “Teu Nome” – Biscoito Fino, dedicado a obra de Pixinguinha, e, “Cai dentro” – Lua Music, sobre a parceria de Baden Powell e Paulo César Pinheiro, discos que lhe renderam elogios da crítica especializada. Participou do projeto de compositores Novo de Novo: o Brasil de Pixinguinha no CCBB/SP, ao lado de Tom Zé, Carlos Careqa e Itamar Assumpção. É diretor artístico da “Série Pixinguinha”, projeto que lançou em 2009 três discos sinfônicos com arranjos originais de Pixinguinha e a Exposição Pixinguinha, no Centro Cultural Banco do Brasil de Brasília, em 2012. No teatro musical, participou dentre outras, das montagens de “Teatro Musical Brasileiro”, “Pianíssimo”, “Samba Valente de Assis”, “Orlando Silva – o cantor das multidões” e “O bem do mar”.
Henrique Cazes – direção musical, arranjos e cavaquinho
Músico, produtor e pesquisador. Começou a tocar violão com seis anos de idade e gradativamente foi incorporando o cavaquinho, o bandolim, o violão tenor, o banjo, a viola caipira e a guitarra elétrica, sempre como autodidata. Em 1988, Henrique iniciou sua carreira de solista de cavaquinho, com o lançamento do primeiro disco “Henrique Cazes”, simultaneamente com o método “Escola Moderna do Cavaquinho”. A este, se seguiram vários discos sempre abordando a musicalidade chorística de forma inovadora, como os quatro CDs da série “Beatles n’Choro” e “Bach in Brazil”, lançado em 40 países.Fundou e dirige a Orquestra Pixinguinha, a Camerata Brasil e o Novo Quinteto. Tem sido apontado como o melhor solista de cavaquinho e um dos mais ativos músicos de choro do país.
Marcelo Caldi – sanfona
Ao romper barreiras entre diferentes paisagens da música, aproximar o tango argentino do forró brasileiro e se apresentar como cantor e instrumentista, além de compositor e arranjador sinfônico, Marcelo Caldi se tornou um dos músicos mais completos de sua geração. É um dos responsáveis pela revitalização da sanfona no cenário contemporâneo, autor do livro “Tem sanfona no choro”, que inclui CD homônimo, lançado em 2012 pelo Instituto Moreira Salles, em parceria com a Funarte (Prêmio Centenário de Luiz Gonzaga), em que resgata um material inédito, as partituras de choros da primeira fase do rei do baião. Compôs arranjos sinfônicos cantados por Elba Ramalho e interpretados pela Orquestra Petrobras Sinfônica, Orquestra Sinfônica de Barra Mansa e Orquestra Sinfônica do Recife, em homenagem a Luiz Gonzaga. Em 2013, subiu ao palco ao lado de Gilberto Gil e Orquestra Pro Arte na MIMO, em Ouro Preto e Olinda. Também compôs arranjos de marchinhas para Orquestra Petrobras Sinfônica e Monobloco e uma homenagem a Dorival Caymmi para Orquestra Sinfônica da Bahia.
Carlos Malta – flauta e sax
Conhecido como “Escultor do Vento”, o músico dos sopros Carlos Malta é multi-soprista, compositor, orquestrador e educador. Colaborou com artistas tão variados como Hermeto Pascoal, Michel Legrand, e Gilberto Gil. Criou e dirige o grupo “Pife Muderno”, que tem obtido recepção consagradora em festivais de música étnica em diversos países.Compôs e solou a “Rapsódia das Rochas Cariocas” em homenagem aos 450 anos do Rio de Janeiro. Com experiência de quatro décadas, Malta segue esculpindo seus múltiplos timbres nos saxofones e flautas, traduzindo através de seu sopro, a alma da música do Brasil.
Silvério Pontes – trompete e flugelhorn
Responsável pela volta do trompete à linha de frente do choro, Silvério começou criança em bandas de música, passou pelo pop, tendo tocado quinze anos com Tim Maia e há trinta anos encontrou seu parceiro Zé da Velha, com quem realizou uma vasta discografia. Lançou recentemente dois discos autorais e tem liderado o coletivo “Choro na Rua”, que desde 2016 tem devolvido o choro a sua expressão mais popular.
Marcos Suzano – percussão
Apontado como o responsável por redimensionar o pandeiro na era contemporânea, Suzano começou no choro no grupo Nó em Pingo D’água e mais tarde abriu as portas para o instrumento as portas da MPB e do pop, em trabalhos marcantes com Marisa Monte, Djavan e Lenine. Tem realizado experiências inovadoras de combinação de sons eletrônicos com a percussão do samba e da tradição religiosa afro-brasileiro.
João Camarero – violão de 7 cordas
Considerado o maior talento da novíssima geração do violão brasileiro, João tem ampliado seu universo de atuação com incursões na música de concerto e a MPB. Acompanhador amplamente consagrado, a partir de 2017 passou a integrar o Conjunto Época de Ouro e, em paralelo, tem se apresentado como solista, função na qual já lançou dois discos.