Inaugurado em 2018, equipamento gerenciado pela Secec transformou a vida cultural da cidade
Reconhecido pela ampla diversidade cultural oferecida em sua programação, o Complexo Cultural Samambaia (CCS) se adaptou ao modelo virtual para garantir a arte e entretenimento para a comunidade. Gerenciado pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (Secec), o espaço cultural, juntamente com a
Organização de Sociedade Civil (OSC) Imaginário Cultural, lançou na última semana o “Complexo On-line”.As atividades, que vão até setembro, são transmitidas gratuitamente pela internet e abrangem eventos e oficinas tradicionais do polo cultural, com muita interação e diversão entre o público.Serão oficinas, cursos, saraus com muita música, poesia, bate-papos e espetáculos diversos.
A gerente do espaço cultural da Secec, Élvia Sousa, destaca que a adaptação para o formato on-line veio como uma alternativa para que o Complexo Cultural Samambaia continue a compartilhar e difundir a cultura, por meio da arte, música, entrevistas e oficinas. “A programação é bem diversificada e permite que cada família se programe e veja a qualquer hora pela internet”, celebrou.
PROTOCOLO DE SEGURANÇA
Para a gravação dos espetáculos da programação, os grupos puderam utilizar as dependências do Complexo Cultural Samambaia. Respeitando os protocolos exigidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS), as equipes artísticas produziram seus conteúdos, ocupando os cenários familiares do público local, como o teatro Verônica Moreno, as salas para oficinas e a biblioteca de artes.
A ação também éfruto de mecanismos de incentivo à cultura oferecidos à classe artística pela Secec. Além dos projetos contemplados pelo Fundo de Apoio à Cultura (FAC) na modalidade Ocupação, a pasta atuou com esforço para lançar editais emergenciais. Tais medidas foram tomadas para garantir o fomento ao setor cultural durante o enfrentamento à crise sanitária. Um dos destaques lançadospela Sececé oprograma Conecta Cultura, destinado aos projetos transmitidos exclusivamente pela Internet. Ao todo, foram R$ 4,5 milhões lançados entre editais e prêmios.
ATENDIMENTO À COMUNIDADE
Inaugurado em dezembro de 2018, o Complexo Cultural Samambaia, localizado no coração da cidade, virou palco de manifestações legítimas dos fazedores de cultura da cidade, além de um espaço de conhecimento, esperança e criatividade.
Para a técnica de enfermagem, Cláudia dos Santos, as aulas de balé oferecidas no CCS mostraram um novo horizonte na vida dela e dos seus 3 filhos, João Lúcio (9), que também fez futebol, Miguel (6) e Pedro (4). Depois de solicitada por seu filho do meio, Claudia ouviu recomendações das aulas de dança ministradas no Complexo. Realizando o desejo do pequeno Miguel, a mãe matriculou toda a sua prole na oficina. “Sou frequentadora assídua das atividades do CCS. O fato de meus filhos gostarem de balé melhorou a qualidade de vida da família inteira”, relatou Cláudia.
Na pandemia, a mãe dos alunos destacou o entusiasmo da retomada das aulas on-line e contou que preparou um espaço na casa para os garotos ensaiarem. “Aqui em casa já está tudo adaptado, desde o piso emborrachado até a caixa de som”, revelou.
Para a professora de balé e moradora de Samambaia, Karitiana Teixeira, a difusão do gênero em Samambaia quebra o paradigma de que o balé seja um estilo de dança elitizado, disponível apenas em escolas de danças particulares, localizadas no Plano Piloto. Com o projeto de ocupação do CCS, ela trouxe o balé clássico de forma acessível para a comunidade.“Que possamos abranger cada vez mais outras linguagens artísticas, democratizar modalidades que hoje ainda são elitizadas e incentivar a comunidade a ocupar os espaços culturais, como plateia e como artistas”, destacou a bailarina.
Para o rapper Markão Aborígene, o papel do Complexo contribuiu para sua transição dejovem de periferia até poeta. Personalidade do hip hop da cidade, ele conta que Samambaia é um grande celeiro de artistas, e o Complexo foi uma grande conquista para a cidade. Presente no primeiro “Sarau Complexo”, realizado em volta de uma fogueira, ele lembra a trajetória da cultura local até os dias de hoje.
“Hoje o Complexo funciona de uma forma majestosa. Já participei de diversas oficinas, até gravei meus clipes. No contexto da pandemia, vejo com muita alegria o CCS na virtualidade, continuando a alcançar o público e valorizando o trabalho dos artistas”, celebrou.
GESTÃO COMPARTILHADA
Desde junho de 2019, o Imaginário Cultural realiza em conjunto com a Secec a gestão compartilhada de ocupação do Complexo Cultural Samambaia, oferecendo para a Região Administrativa a programação cultural, oficinas de arte, curadoria e gerenciamento do espaço cultural.
De acordo com a coordenadora do Imaginário Cultural e do projeto Cultura On-line, Marília Abreu, a pandemia gerou grande incerteza nos fazedores de cultura. “A insegurança me fezpensar como e quando as atividades do setor cultural poderiam voltar a acontecer e assim, voltar à vida, reinventada pela nova normalidade”, desabafou.
Diante das dificuldades do setor enfrentadas pelo período, a coordenadora propôs à Secec que fosse feita um ajuste da programação original para o formato on-line, dando a continuidade do projeto implementado pela OSC até sua finalização. “E, assim, vamos realizar esse projeto com a sensação de dever cumprido e com a certeza de que dá certo, principalmente quando há o entendimento de que o que vale é a colaboração e o respeito, com o foco sempre na população”, completou Marília.
Ao longo da administração conjunta, foram realizadas no complexo mais de 300 apresentações culturais, entre shows musicais, espetáculos teatrais, exposições,batalhas de rima, saraus, baile de carnaval, arraiá cultural, colônia de férias e atrações que democratizaram o acesso à arte e cultura para Samambaia e região.Já na área de capacitação, a programação do CCS contou com 80 cursos e oficinas de curta, média e longa duração. O curso de capacitação mais longo foi o “Residência em Teatro Musical Popular Brasileiro (TMPB)”,com 200 horas, que culminou no espetáculo “Assombrações de Brasília”.
Durante este período, o CCS recebeu alguns eventos consolidados, como o Festival de Brasília do Cinema Brasileiroe o Festival Queer+. Outro destaque de 2019 foi a exibição do premiado filme “Bacurau” Com uma circulação de mais de 12 mil pessoas, entre crianças, jovens, adultos e idosos, neste período, o CCS também recebeu artistas e público de outras diversas RAs e RIDE, propiciando um intercâmbio entre as regiões do DF e entorno.