Início / Cultura / Cordelteca João Melchíades, na Casa do Cantador, será inaugurada no dia 11

Cordelteca João Melchíades, na Casa do Cantador, será inaugurada no dia 11

Casa do Cantador

Espaço terá painel homenageando artista paraibano e acervo de 1200 obras com catalogação eletrônica

Espaço terá painel homenageando artista paraibano e acervo de 1200 obras com catalogação eletrônica

O artista plástico Valdério Costa começou a levar pincéis e tinta para a Casa do Cantador hoje (3). Vai criar um painel de 4 x 2,5 metros quadrados a fim de dizer ao mundo que Ceilândia é Nordeste e vice-versa.

O painel pretende representar vaqueiro ladeado por pavão misterioso, referências a romance de cordel (1923) do paraibano João Melchíades Ferreira da Silva (1869-1933), patrono do espaço. “É uma doação minha, por eu fazer parte deste do universo da literatura de cordel”, explica.

A Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec), responsável pelo equipamento, vai inaugurar no dia 12 às 10h uma cordelteca (biblioteca de cordéis) no Cantador e, com isso, dar um centro de referência para o gênero de arte no DF. Graduado em Artes Plásticas pela UnB, também poeta, escritor e ilustrador, Valdério inspira-se nas xilogravuras características do cordel para fazer suas pinturas.

O professor de língua portuguesa e membro do coletivo Cordel Malungada, Sabiá Canuto, integrante de uma nova geração de cordelistas no DF, explica que seu grupo “vê o cordel hoje como a mesma força da tradição original que, numa linguagem poética rígida e calçada na oralidade, aborda uma infinidade de temas do cotidiano e históricos”.

Canuto, que apresenta o trabalho do grupo no Instagram, acredita na capacidade do cordel de dialogar com as novas tecnologias, “pois existem diversas plataformas digitais que divulgam e disponibilizam cordéis para leitura gratuita, além de muitas delas trazerem informações históricas sobre cordelistas”, diz ele.

Sobre a cordelteca na Casa do Cantador, ele entende que será “uma ótima referência” para pessoas que desejam pesquisar e conhecer mais sobre essa literatura. “Estamos entusiasmados também com o atual [2018] registro do cordel pelo IPHAN como patrimônio imaterial. Fazemos parte desta história”.

O subsecretário do Patrimônio Cultural (Supac), Demétrio Carneiro Oliveira, destaca na inauguração da cordelteca a reafirmação da Casa do Cantador como referência para a cultura nordestina, a volta às raízes representadas pelo cordel e, ao mesmo tempo, a renovação da arte pela presença da nova geração de cordelistas

A gerente de acervos da Supac, Aline Ferrari de Freitas, explica que a cordelteca é fruto de um esforço coletivo, contando com doações e trabalhos voluntários. O acervo de 1200 títulos cresceu com as aquisições feitas por anônimos, por cordelistas de Guarabira (PB), do Instituto Ricardo Brennand (PE) e da Academia Brasileira de Literatura de Cordel (RJ).

As janelas da Casa do Cantador receberam película de proteção contra luz solar e calor, e o espaço ganhou decoração temática, com tapetes, almofadas e adesivos em padrões de xilogravuras estamparão as paredes.

Os cordéis, peças delicadas, serão dispostos dois a dois em pastas adaptadas. Estas vão ser acondicionadas em caixas doadas pela Mala do Livro, programa da Secec para divulgação da leitura. Por fim, o arranjo será catalogado no sistema integrado de bibliotecas do Distrito Federal e os cordéis poderão ser localizados digitalmente.

Sobre paulobsbdetodos

Também confira

Programação cultural do CCBB Brasília no mês de abril/2024

 Destaques da programação cultural do CCBB Brasília no mês de abril/2024