A data celebrada no dia 31 de maio mostra como a prática é responsável por mais de 8 milhões de mortes ao ano e cerca de 25% dos óbitos por câncer mundialmente
No dia 31 de maio é celebrado o Dia Mundial sem Tabaco, uma forma de chamar a atenção para um hábito muito agressivo à saúde. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a epidemia de tabaco é uma das maiores ameaças à saúde pública que o mundo já enfrentou, sendo responsável pela morte de mais de 8 milhões de pessoas por ano. Além disso, o tabagismo é responsável por 50% de todas as mortes evitáveis em fumantes, sendo metade delas devido a doenças cardiovasculares, como ataque cardíaco e acidente vascular cerebral (AVC).
“Por elevar a pressão arterial e a frequência cardíaca, o cigarro está entre os principais fatores que causam as doenças cardiovasculares, já que suas substâncias tóxicas agridem o endotélio – parede de células que recobre os vasos sanguíneos. Ao danificar essa estrutura, aumenta o risco de causar infarto ou AVC”, explica o cardiologista intervencionista do Instituto do Coração de Taguatinga (ICTCor), Ernesto Osterne.
Outro dano acontece no mecanismo de contração e relaxamento do coração. Os efeitos do fumo geram maior dificuldade no bombear, comprometendo a circulação do sangue pelo corpo. Um único cigarro é capaz de contrair todos os vasos sanguíneos. O fumo também faz acelerar um processo conhecido como oxidação do colesterol, favorecendo a formação da placa de aterosclerose, que é estopim para o infarto.
Quem convive com um fumante também corre o risco de ter doenças cardiovasculares, pois segundo diversos estudos, conviver com quem fuma afeta o coração, além de aumentar em até duas vezes o risco de câncer. Segundo o Ministério da Saúde, as doenças cardiovasculares e o câncer têm o tabagismo como importante fator de risco, eles foram as principais causas de óbitos atribuíveis ao tabaco no país nos últimos anos.
Para quem deseja parar de fumar, o Dr. Ernesto comenta que há tratamento para auxiliar, porém é muito importante que o paciente tenha consciência de que o cigarro faz mal. “O sucesso do tratamento do tabagismo está associado à mudança de comportamento. A abordagem é feita por equipe multidisciplinar, que pode ou não fazer uso de medicamentos, que é uma parte do processo, e não tem caráter decisivo para a abstinência, eles apenas auxiliam na redução da síndrome de abstinência nas primeiras semanas sem fumar“, conclui.
Cigarros x Cigarros eletrônicos
Em 2022, em meio à discussão se deveria ou não manter a decisão de proibir no Brasil, a venda, importação e a publicidade dos cigarros eletrônicos, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), revisou a questão e decidiu por manter a proibição destes dispositivos. Para reforçar a decisão e mostrar os aspectos negativos desse tipo de aparelho, intitulado ‘vaper’, a Associação Médica Brasileira (AMB), junto com 46 entidades médicas, publicou no último ano, um documento em que alerta os brasileiros sobre o uso do eletrônico, já que os mesmos continuam sendo utilizados por diversas pessoas, em especial os jovens.
No documento, os profissionais de saúde consideram os cigarros eletrônicos ainda mais perigosos do que os cigarros comuns, pois, é possível constatar que, no cigarro eletrônico, existe uma concentração muito maior de nicotina do que nos cigarros tradicionais.
O fato é que, a quantidade de nicotina contida no cigarro eletrônico faz com que exista menor irritação ao inalar o vapor, isso faz com que a pessoa use o produto várias vezes por dia, e leva a uma dependência muito maior. Ainda de acordo com o estudo, diferentemente do cigarro convencional que demora de 20 a 30 anos para manifestar doenças no usuário, o cigarro eletrônico tem mostrado essa agressividade em menos tempo.