Talita Beda é moradora do Guará, foi eleita miss da cidade, é casada e mãe de uma menina de oito anos
Dona de uma beleza única, estilo diferenciado e corpo fora do padrão, Talita Beda Hostensky, de 33 anos, representará o Distrito Federal no Concurso Miss Brasil Plus Size. A disputa acontece em Salvador, no dia 6 de novembro e conta com a participação de representantes de outros estados.
Moradora do Guará, casada, mãe de uma menina de 8 anos e madrasta de um adolescente de 17 anos, Talita atua como gerente comercial na empresa da família, e, há cerca de quatro anos, divide o escritório com as passarelas. Ela conta que mesmo atuando na área comercial, o sonho de ser modelo sempre esteve latente.
“Sempre quis ser modelo, mas trabalhei em outra área e também me apeguei ao fato de que nunca estive no padrão de corpo magro exigido pelas passarelas. Para me encaixar, me arrisquei fazendo dietas malucas e prejudiquei minha saúde, porém, com o tempo, entendi que esse era o meu corpo e que seria com ele que eu iria realizar esse sonho”, comenta.
A partir do momento que a Beda entendeu que não precisaria se submeter a dietas e procedimentos estéticos para estar nas passarelas, ela decidiu investir no grande sonho da sua vida. Mas, logo no começo sofreu um golpe financeiro de uma agência, e viu seu sonho ser destruído. Ela detalha que precisou do apoio da família, e do incentivo do marido para tentar novamente se inserir no ramo, dessa vez, por conta própria.
“O meu marido é o meu maior incentivador, ele me apoia incondicionalmente, e investe em mim. Quando me vi sem recursos para tentar de novo, ele me ajudou custeando o meu book, foi assim que entrei no mercado de modelos plus size em Brasília,” explica.
Talita passou a desfilar para marcas de roupas daqui do DF, participou de catálogos, projetos e campanhas publicitárias. Em 2020, foi eleita Miss Plus Size Guará num concurso local.
Desafio diário
Ser gorda numa sociedade que padroniza corpos e trata mulheres como categorias é um dos principais desafios que Beda enfrenta no ramo da moda. Viver sem julgamentos é essencial para o bem-estar mental e físico de qualquer mulher. A gordofobia afeta milhares de pessoas que enfrentam uma luta diária apenas para viverem livres em seus próprios corpos.
Concursos como esse são muito significativos, pois tem por objetivo divulgar e valorizar a beleza plus size brasileira. As mulheres fora do padrão são maioria, e muitas vezes não estão representadas nas revistas, desfiles, televisão e redes sociais.
“O mercado da moda é difícil e competitivo por si só. Mas sendo gorda, muitas vezes a modelo plus size é cota, são sempre 20 modelos sendo 19 magras e apenas uma plus size. Concursos como esse, possibilitam a inclusão e a diversidade mostrando que há espaço para todas, e que, a beleza realmente está nos olhos de quem vê”, afirma Talita.
O concurso
O objetivo do Miss Continente Brasil Plus é encorajar outras mulheres a admirarem seu próprio corpo. “A intenção é promover muito mais que apenas um concurso de beleza, é trabalhar o social, a inclusão de mulheres com corpos reais”, declara o organizador Christian Oliver.
Essa é a segunda edição do concurso, que já conta com 12 inscritas representando vários estados do Brasil. Para Christian, a expectativa é que o concurso cresça cada vez mais e traga tamanha importância e representatividade no mundo da moda. “Toda mulher, gorda ou não, deve se olhar no espelho e saber se admirar. Visibilidade de empoderamento este é o resultado que espero”, conclui.
Talita promoveu em suas redes sociais uma rifa para custear os gastos com a viagem, como hospedagem, passagem e alimentação dela e de seus preparadores. “O investimento é alto, mas acredito no meu potencial e me sinto apoiada por aqueles que amo”, comenta a modelo.
Além do investimento financeiro, Beda se prepara há cerca de oito meses para o concurso. O preparo envolve alimentação rica em nutrientes, alimentos leves que dão energia, atividade física e muitos testes de roupas, postura e de passarela. A modelo conta que se sente pronta para representar a capital do Brasil.
“Quero dar voz a todas as mulheres do quadradinho, quero mostrar que temos cultura, beleza e muito carisma. Além de tudo, acredito e defendo o potencial de toda e qualquer mulher, quero dar voz ao poder que temos”, finalizou.