Coloquei marcapasso e agora? Essa é uma dúvida bastante comum entre pacientes que precisam adotar o dispositivo eletrônico implantável para o coração bater no ritmo certo. As perguntas envolvem os mais diferentes assuntos quanto à rotina do paciente após o implante como, por exemplo, o uso aparelhos eletrônicos, viagens de avião, atividade física, entre outros.
Mas, de acordo com o cirurgião cardiovascular do Instituto do Coração de Taguatinga (ICTCor), Candido Gomes, muitas das dúvidas e questionamentos que a população apresenta são mitos criados por ausência de informação. Para facilitar o acesso ao conteúdo e esclarecer todas as questões que envolvem o uso do dispositivo, o Instituto elaborou uma cartilha online, disponível gratuitamente no site da Instituição durante durante todo o ano, em comemoração ao Dia do Portador de Marcapasso.
O marcapasso simples é recomendado para quem tem uma frequência cardíaca muito baixa. O dispositivo promove estímulos substituindo o marcapasso natural que falha em liberar os batimentos cardíacos. É um aparelho instalado embaixo da pele ( subcutâneo), na região torácica, e tem como uma de suas funções controlar a frequência dos batimentos cardíacos do coração, ou seja, “o marcapasso substitui a função elétrica do coração que estava com problema”, pontua o especialista Candido Gomes. Ele possui um gerador, uma bateria interna e cabos eletrodos. Estes cabos são conectados ao coração e ligados ao gerador do marcapasso, depois que o médico se certifica que estão posicionados corretamente.
“O aparelho é implantado em uma espécie de “bolsa” sob a pele durante uma cirurgia considerada simples, que é feita normalmente com sedativo e anestesia local. É um procedimento tranquilo, que dura de uma a duas horas. Geralmente, o paciente pode ir para casa no dia seguinte e retomar as atividades habituais após 30 dias”, afirma o cirurgião.
Após o implante de marcapasso os cuidados pós-operatórios variam dependendo do caso de cada paciente, mas existem recomendações que devem ser seguidas, como o acompanhamento cardiológico rotineiro com a frequência indicada pelo profissional. Para o cardiologista, o marcapasso é uma ferramenta importante para o restabelecimento da saúde.
“Com os cuidados tomados e as recomendações seguidas, o marcapasso costuma não dar problemas. O portador fica liberado para viajar, namorar, dirigir, ou seja, levar uma vida normal e uma hora ou outra até se esquece dele”, diz o médico.
Afinal, o que pode ou não pode?
Conviver com o dispositivo implantado pode ser mais tranquilo do que se imagina, é o que explica Ricardo Carranza, que também é cirurgião cardiovascular do corpo clínico ICTCor. O profissional destaca que o marcapasso em si não exige a tomada de medicações e que essas são necessárias para o controle de problemas associados como hipertensão, coração fraco (insuficiência cardíaca), arritmias, trombose, etc. Por este motivo, é essencial que as consultas periódicas de avaliação do marcapasso sejam realizadas conforme a recomendação médica. Esses encontros têm por objetivo o ajuste do dispositivo às necessidades do paciente, além de evitar o desgaste rápido da bateria e diagnosticar possíveis alterações presentes que muitas vezes são assintomáticas.
Segundo o especialista, o paciente com o dispositivo não precisa ter receio de ligar aparelhos na tomada ou acionar interruptores, tomar banho em chuveiro elétrico, entre outras atividades que são consideradas rotineiras. Apenas deve ter atenção com cuidados simples que mantêm o dispositivo livre de interferências, como evitar detectores de metais, dispositivos antifurto de lojas, travesseiros e colchões magnéticos.
“É essencial ler com atenção o manual do marcapasso, pois nele há todas as informações referentes à maioria das dúvidas que costumam afligir os pacientes. Fora isso, procurar sempre um contato profissional e não acreditar no que dizem por aí sobre o assunto”, ressalta Ricardo Carranza.
Confira algumas dicas profissionais:
Telefones celulares podem ser usados, mas têm que ser mantidos a pelo menos 15 cm de distância do local do implante, sendo usados no ouvido que fica do lado contrário do marcapasso. Para evitar interferências, também é recomendado que o paciente mantenha uma distância de dois metros de eletrodomésticos que estejam em funcionamento.
Sistemas detectores de metais, como de aeroportos e portas giratórias de bancos, devem ser evitados. É importante andar sempre com o documento de identificação que atesta ser portador marcapasso. Nos sistemas antifurto de lojas, recomenda-se simplesmente passar, evitando ficar parado entre as placas.
É importante sempre consultar seu médico sobre ressonâncias magnéticas, pois a maior parte dos modelos de marcapasso têm restrições quanto ao exame, principalmente os mais antigos. O mesmo vale para procedimentos como radioterapia, litotripsia e eletroacupuntura, que devem seguir recomendações médicas específicas.
Atividades sexuais, exercícios físicos e condução de veículos são permitidos, a não ser que o portador possua outra patologia cardíaca limitante, pois o marcapasso, por si só, não o impede de nada disso. Na dúvida, é sempre bom consultar o médico.
Dentro do possível, é bom evitar dormir do lado do marcapasso implantado, principalmente durante os primeiros 10 dias.