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Luis Humberto: O Olhar Possível

Documentário de poética introspectiva e delicada, sob a direção dos brasilienses Mariana Costa e Rafael Lobo, apresenta vida e obra do fotógrafo Luis Humberto

Foto: Mariana Costa por Mariana Costa

Artista e pensador da fotografia contemporânea, Luis Humberto, um dos grandes na arte de registrar, através das lentes de uma câmera, fatos da política e do cotidiano assim como de paisagens domésticas, ganha as telas do cinema em uma produção da Machado Filmes, com realização da Levante Filmes e sob a direção de cineastas brasilienses.

Com estreia nacional marcada para às 18h do dia 28 de novembro no Cine Brasília, integrando a Mostra Brasília [competitiva] do 52º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, o curta-metragem documental Luis Humberto: O Olhar Possível, com argumento e direção de Mariana Costa e Rafael Lobo, traça um íntimo e delicado olhar sobre as biografias pessoal e profissional do artista.

O ponto de partida para a estrutura do documentário, foram entrevistas com o próprio personagem do filme. Como resultado, uma “narrativa baseada na biografia do artista para entender como seu contexto histórico e de vida influenciaram o processo do seu pensamento e obra, a partir do seu próprio ponto de vista”, ressalta o diretor Rafael Lobo, que revela: “durante nossas mais de dez sessões [com ele], fomos percebendo o ganho de sua intimidade”.

Para favorecer o processo introspectivo, as gravações foram realizadas em espaços íntimos “de forma que ajudasse a conduzir as narrações de sua memória afetiva”, explica Lobo. Ilustram as falas [em off], além de célebres fotos, trabalhos inéditos e vídeos caseiros [em VHS], que o mostram habitando ambientes particulares e tão icônicos em seu trabalho. Como efeito, comenta o Lobo: “atingimos o tom poético e estético de representa-lo percorrendo temas e espaços imaginários”.

Toda a capitação foi realizada com duas câmeras. Uma para planos gerais, situando-o no ambiente, seguindo as características das lentes grande-angulares que ele utiliza para fotografar esses mesmos espaços. A segunda, o filma mais de perto, buscando a intimidade com o artista e sua sensibilidade, nos detalhes de expressão corporal.

A iluminação naturalista, com o mínimo de interferência na qualidade da existente no ambiente, faz-se aproximar do desenho de luz encontrado nas fotos de Luis Humberto. A narração, na voz do personagem, é o grande foco sonoro. Já o som ambiente, dos espaços por onde ele se move, como o da manhã em sua casa e nos silêncios que surgem durante o próprio ato introspectivo do pensamento de Luis, valorizam momentos de respiro da condução narrativa. O filme também é entremeado de músicas para ressaltar o contraste entre momentos de humor e nostalgia.

Mariana Costa faleceu durante a produção do filme, a quem Luis Humberto dedica a seguinte mensagem: “Cansada, Mariana resolveu antecipar a partida. Deixou um rombo imenso nos corações dos afetos. Eu, beneficiário de sua generosidade, falo da perda, da falta e da alegria de tê-la conhecido. Obrigado Mariana e até logo Mariana”. “Luis Humberto: O Olhar Possível” foi realizado com recursos do FAC – Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal e é dedicado a Mariana Costa.

Luis Humberto Miranda Martins Pereira (85 anos), natural do Rio de Janeiro, mudou-se para Brasília em 1961. Arquiteto de formação, escolha feita após conhecer a obra de Oscar Niemeyer, atuou, ainda na capital carioca, como desenhista no extinto Ministério da Educação e Cultura. Já em Brasília, foi coautor do bloco da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília. Experiências que, já aos seus 27 anos de idade, o levaram a integrar o corpo docente da recém-criada instituição como professor de desenho na Cadeira de Arquitetura.

Em 1962, quando do nascimento de seu primogênito, Luis adquiriu a primeira câmera fotográfica e o interesse pela arte de fotografar ganhou impulso ao se deparar com a obra do renomado fotógrafo francês Cartier-Bresson. O talento aliado à dedicação de um autodidata, que aprendeu a manusear os equipamentos fotográficos e de revelação e ampliação, fizeram com que assumisse a coordenação do primeiro laboratório de fotografia da UnB.

Desempregado após 1965, em consequência do golpe militar quando pediu demissão ao lado de outros 200 professores, arrisca-se no mundo da fotografia sendo contratado, em 1968, pela Abril. Suas fotos estamparam várias publicações da Editora, mas foi através da Revista Veja que seu trabalho como fotojornalista começa a ganhar destaque.

O Olhar Possível – Foto: Mariana Costa e Thais Oliveira

Além da qualidade estética, ele demonstrava sua insatisfação diante da situação política da época nas imagens que produzia. Explorava ângulos inusitados, que mostravam os poderosos em momentos de vulnerabilidade e ridículo, fazendo surgir uma linguagem que ele próprio chamou de “liturgia do poder”. Com a inventividade, Luis Humberto tornou-se um dos grandes no fotojornalismo brasileiro.

Paralela à atuação [por quase 20 anos] no fotojornalismo, com atuações no Jornal de Brasília e IstoÉ, inclusive, registrou a flora do cerrado, desenvolveu um belíssimo trabalho de fotografia da paisagem doméstica, dentre outros projetos pessoais.

Luis não se limita ao título de fotojornalista, ele se diz, antes de tudo, um fotógrafo. O que é possível de ser apreciado no livro “Do lado de fora da minha janela, do lado de dentro da minha porta”, um resumo do trabalho ao longo dos anos. Outro livro de sua autoria é “Fotografia, a poética do banal”.

Atualmente, apesar das dificuldades causadas pelo Parkinson, Luis continua sua produção com vitalidade criativa e inquietude. Seu histórico e sua obra são de inegável importância para as memórias de Brasília e do Brasil, assim como para a história da arte. Em mais de 50 anos dedicados à fotografia, Luis é, além de fotógrafo, um pensador da fotografia.

Material de divulgação:

Ficha técnica:

Luis Humberto: O Olhar Possível, Brasília (2019), 20min.

  • Argumento e direção: Mariana Costa e Rafael Lobo
  • Com: Luis Humberto, Márcia Noronha, Clara Noronha e Rodrigo Noronha
  • Produção executiva: Alisson Machado
  • Coprodução: Machado Filmes
  • Realização: Levante Filmes
  • Produção associada: Emília Silberstein, Base Audiovisual, Argonautas e Box Companhia de Arte
  • Direção de produção: Mariane Cunha
  • Trilha sonora: Mariana Junqueira
  • Designer de som: Ricardo Ponte
  • Montagem: Sergio Azevedo e Rafael Lobo

Serviço:

  • Estreia na Mostra Brasília do 52º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro
  • Local: Cine Brasília (SHCS EQS 106/107)
  • Dia e horário: 28 de novembro de 2019, às 18h
  • Entrada franca, mediante retirada de ingresso na bilheteria do cinema
  • Classificação indicativa: Livre para todas as idades
  • Informações: machadofilmes.com.br/contato

Contatos para entrevistas:

  • Rafael Lobo: (61) 9.8172-7185
  • Alisson Machado: (61) 9.9116-6218

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