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Museu Nacional exibe Fayga Ostrower

O Museu Nacional da República (MUN) apresenta a partir de sexta-feira (10.9) exposição panorâmica do trabalho da artista plástica brasileira nascida na Polônia Fayga Ostrower (1920 – 2001). Serão exibidos 45 trabalhos doados pelos filhos de Fayga, Ana Leonor (Noni) e Carl Robert, ao espaço gerido pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec), acrescidos de peças da multiartista – pintora, desenhista, ilustradora – que fazem parte do acervo do Museu de Arte de Brasília (MAB).
Além da mostra de Fayga Ostrower – Centenário montada no mezanino, o público vai conferir o vasto acerto de Míriam Inez da Silva, na Galeria Principal. As duas mostras ficam até 5 de dezembro.
“Temos a honra de apresentar essas peças aqui reunidas, que traçam a trajetória da produção artística de uma das pioneiras e principais expoentes da gravura abstrata no Brasil”, apresenta no texto curatorial a diretora do MUN, Sara Seilert.
Sara explica que Fayga libertou a gravura da função ilustrativa, dando-lhe autonomia como obra de arte autônoma, ao migrar para o abstracionismo depois de passagem pelo figurativo no movimento estético do expressionismo, com o qual ilustrou, por exemplo, a edição de 1944 da obra de Aluísio Azevedo “O Cortiço”.
 A curadora destaca que a artista, teórica da arte e professora, cujas obras estão espalhadas em duas dezenas de instituições no Brasil e mais que o dobro disso no exterior, sempre experimentou muito com metal nas técnicas de água forte, água tinta e ponta seca, por exemplo, além dos trabalhos em madeira (xilografia).
 No documentário sobre a Fayga, com roteiro, produção e direção da filha Noni, “Paixão pela Arte” (2012), fica registrado que a artista fazia de erros na produção de gravuras acertos na construção de sua arte. Fayga é citada como tendo sofrido com críticas à sua arte quando deixou as ilustrações para mergulhar no abstrato. No vídeo, fica claro que ela não se intimidou com isso, e decidiu seguir adiante.
 TRAJETÓRIA VITORIOSA
Instituto Fayga OstrowerDificuldades fazem parte da história de Fayga, cuja família judia teve de cruzar a pé, durante a noite, a fronteira entre Alemanha e Bélgica, fugindo dos nazistas, antes de conseguir embarcar para o Rio, aonde chegou em 1934, indo se instalar em Nilópolis, nos subúrbios da capital. Fayga, conhecedora de cinco idiomas, conseguiu se empregar como secretária e conciliou o trabalho de que tirava o sustento com cursos de desenho e arte que a levaram ao sucesso no mercado de editoração e nas artes plásticas.
 A paixão pelo desenho já havia se manifestado na longa travessia de navio vindo da Europa, quando aproveitou para desenhar passageiros e até o capitão da embarcação, trabalho pelo qual recebia em troca chocolates, divididos com os três irmãos. Mais tarde, no Rio, subiu a favela para desenhar crianças (convencidas a posar em troca de balas) e lavadeiras que achavam curioso a moça de olhos claros a fazer esquetes.
 O texto curatorial anota que Fayga escreveu vários livros sobre arte e criação artística, citando “Criatividade e Processos de Criação” (1978), “Universos da Arte” (1983), “Acasos e Criação Artística” (1990) e “A Sensibilidade do Intelecto” (1998, Prêmio Jabuti). Fayga foi laureada ainda com o Grande Prêmio Nacional de Gravura, na Bienal de São Paulo (1957) e o Grande Prêmio Internacional de Gravura, na Bienal de Veneza (1958).
Lecionou a disciplina “Composição e Análise Crítica” no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e, na década de 1960, trabalhou como docente em instituições nos EUA e Grã-Bretanha. Durante esses anos, também desenvolveu cursos para operários e centros comunitários a fim de divulgar noções de arte.
Foi casada com Heinz Ostrower, historiador cuja biblioteca foi doada para o Arquivo Edgard Leuenroth, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em São Paulo.
O MUNDO DE MÍRIAM INEZ DA SILVA  do acervo de Fayga Ostrower, o Museu Nacional da República abre a exposição sobre a arte de Míriam Inez da Silva (1939 – 1996), sobre a vasta produção da artista goiana nascida em Trindade, que migrou para o Rio de Janeiro, onde teve orientação artística de Ivan Serpa. A mostra traz essa tensão entre o desenvolvimento da região goiana, com a construção das cidades de Goiânia e Brasília, e as influências da metrópole fluminense.
“Reunindo mais de 300 obras e extensa documentação, esta é a maior retrospectiva já desenvolvida a partir da obra da artista. a mostra busca oferecer inspiração na forma insubmissa, irônica, mágica e deliciosa de ver o mundo revelada pelo encantador e fundamental trabalho de Miriam Inez da Silva”, escreve o curador Bernardo Mosqueira, que pesquisa a artista desde 2015.
 A escolha em dialogar com formas de arte entendidas como “tradicionais” – como a xilogravura, o cordel e a arte votiva – foi também uma maneira de inserir nelas suas críticas à hipocrisia e à normatividade que regulavam a sociedade em que vivia.
SERVIÇO
FAYGA OSTROWER: CENTENÁRIO
Mezanino

MÍRIAM INEZ DA SILVA
Galeria Principal

DE 10 de setembro a 5 de dezembro

Horário de visitação: sextas, sábados e domingos das 10h às 16h – horário reduzido em atendimento ao protocolo de segurança para enfrentamento da pandemia conforme Portaria SECEC-DF nº 179 de 16 de setembro de 2020 (o horário de visitação poderá sofrer alteração)

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