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No Dia Nacional do Combate ao Abuso Infantil, Instituto Chamaeleon alerta para questão

Instituto cuida de crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual e maus tratos 

Imagem Divulgação

No dia 18 de maio é celebrado o Dia Nacional do Combate ao Abuso Infantil, com o intuito de alertar as pessoas sobre a grave questão. Foram registradas 26.416 denúncias pelo canal “Disque 100” entre março e junho de 2020, contra 29.965 no mesmo período de 2019. O levantamento da Ouvidora Nacional de Direitos Humanos permitiu identificar que a violência sexual acontece, em 73% dos casos, na casa da própria vítima ou do suspeito, mas é cometida por pai ou padrasto em 40% das denúncias. 

O suspeito é do sexo masculino em 87% dos registros e, igualmente, de idade adulta, entre 25 e 40 anos, para 62% dos casos. A vítima é adolescente, entre 12 e 17 anos, do sexo feminino em 46% das denúncias recebidas. 

Maio laranja: 

O Instituto Chamaeleon, instituição que cuida de crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual e maus tratos, completou em janeiro 14 anos de existência. A Chamaeleon é considerada uma OSCIP, ou seja, uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público. Ao longo dos anos de existência, já atendeu 1560 pessoas em situação de vulnerabilidade, incluindo, além das crianças e adolescentes, mulheres (inclusive trans) vítimas de violência. Como principais atividades da Chamaeleon estão o atendimento psicológico e a defesa dos direitos sociais dos atendidos. O instituto conta atualmente com 20 psicólogos voluntários, que estão totalmente engajados a cuidar dos traumas dos acolhidos, além de membros da diretoria e conselheiros consultivos. Durante a pandemia, a Chamaeleon optou por não atender presencialmente para evitar aglomerações. A alternativa tem sido, além do atendimento híbrido, a ajuda dos abrigos parceiros, além das outras instituições de apoio, como a Delegacia da Criança, a Vara da Infância e da Juventude e os Conselhos Tutelares. 

E, durante o mês de maio, que é voltado para políticas públicas sobre o assunto, o instituto realizará um seminário online, no dia 14 de maio às 9h, na Ação Social do Planalto para educadores sociais sobre a dinâmica do abuso sexual e como proceder em caso de suspeita ou de uma revelação espontânea.  

Segundo uma das psicólogas do instituto, Claudia Metello, as consequências de um abuso são graves. “Regressão (pode voltar a fazer xixi na cama), isolamento social, baixo rendimento escolar, evasão escolar, alterações de humor, sonolência, autolesão, ideação suicida, medo de ficar sozinha, medo do escuro, baixa autoestima, perda ou excesso de apetite, a longo prazo pode apresentar dificuldades em ligações afetivas e amorosas, dificuldades em manter uma vida sexual saudável, desenvolver dependência de álcool e outras drogas, além dos vários transtornos”, exemplifica. 

“É importante a denúncia mesmo em caso de suspeita de abuso sexual”, explica Claudia. Ouvir o que a criança tem a dizer, sem fazer perguntas, sem interromper, e mostrar-se disponível caso a criança queira contar mais alguma coisa em outro momento. “Não fazer nenhum juízo acerca do abusador ou dos abusos na presença da criança”, conclui. 

Segundo Claudia, a culpa é sempre do abusador. “Existe no Brasil a cultura do estupro, ela é estrutural”, diz. Toda relação de violência implica em uma relação de poder e de domínio de uns sobre os outros. Hierarquicamente dos homens sobre as mulheres e as crianças, e das mulheres sobre as crianças. É conhecida como a síndrome do pequeno poder. 

Prevenção: 

Para Claudia, a prevenção está na educação desde cedo. “Por meio de uma educação sobre a sexualidade infantil, que pode ser iniciada desde o momento do nascimento. Por exemplo, começando por pedir licença toda vez que for dar banho ou higienizar a criança”, diz. ” Explicar o que são partes íntimas, que elas são tão especiais que possuem uma roupa própria, como a calcinha ou a cueca. Que ninguém pode mexer nas nossas partes íntimas, e que nós não podemos mexer nas partes íntimas dos outros”, explica.  

Depoimento: 

Ana Maria Coelho, Psicóloga e uma das madrinhas do instituto, diz que “a casa deveria ser o lugar de proteção, mas isso não é o que temos observado nos relatos de crianças e adolescentes e até na literatura que aborda esse assunto. Muitas crianças que sofreram violência foram geralmente agredidas pelo pai ou um outro familiar”, contextualiza.  

“No decorrer de muitos anos, acompanho a minha afiliada e a sua mãe, ambas atendidas por psicólogos, e a mãe também por uma psiquiatra. Percebo mudanças significativas no comportamento de ambas”, conta Ana.  

“Na minha experiência como assistente social e psicóloga, percebo que pessoas feridas costumam ferir outras, sobretudo quando não tratam seus problemas e conflitos emocionais”, diz Ana. Muitos dos agressores têm história de ter sofrido violência na infância, e a falta de tratamento pode levar a repetir padrões doentios de comportamento. 

Canais de atendimento 

O Disque 100, o app Direitos Humanos e o site da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos são gratuitos e funcionam 24 horas por dia, inclusive em feriados e nos finais de semana. 

Os canais funcionam como “pronto-socorro” dos direitos humanos, pois atendem também graves situações de violações que acabaram de ocorrer ou que ainda estão em curso, acionando os órgãos competentes e possibilitando o flagrante. 

Serviço: 

Instituto Chamaeleon 

CLSW 105 bloco C sala 153 – Edifício Diana Mall Business – Sudoeste 

www.chamaeleon.org.br 

[email protected] ou [email protected] 

Instagram @institutochamaeleon / Facebook Instituto Chamaeleon 

Dados bancários: Banco 237 (Bradesco), agência 2918-1, conta corrente 7606-6 

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