Documentário utiliza vídeos de artistas contemporâneos para refletir sobre os acontecimentos de junho de 2013 no país
“O mês que não terminou”, primeiro longa-metragem de Francisco Bosco e Raul Mourão, está na mostra competitiva do 52º Festival de Cinema de Brasília. A sessão especial será realizada na terça, 26 de novembro, às 21h, no Cine Brasília, com a presença de Bosco e do produtor Rodrigo Letier, da Kromaki. O diretor também participará de um debate na quarta, 27 de novembro, às 10h, no Mercure Grand Hotel. A programação do Festival de Brasilia inclui também duas apresentações com entrada franca: no dia 26 às 20h30 no IFB Recanto das Emas no e no dia 27 às 18h no Museu Nacional da República.
O documentário é uma coprodução da Kromaki e do Canal Curta!, e teve sua pré-mundial no mês passado na 43ª Mostra de Cinema de São Paulo. O filme investiga o emblemático mês de junho de 2013 no Brasil, seus acontecimentos marcantes e seus desdobramentos, a partir da análise de ativistas, cientistas políticos, filósofos, psicanalistas e economistas. Com narração de Fernanda Torres, o longa é permeado por vídeos de artistas plásticos que complementam a reflexão sobre os fatos.
Os protestos de junho de 2013 foram o primeiro questionamento ao processo de consolidação da democracia liberal brasileira, rumo que o país tomava desde a redemocratização. A partir deste momento, o Brasil passou por uma transformação não só política, mas cultural, deixando de ser o “país do futebol” para ser o “país da política”. O documentário resgata este percurso.
“É impossível compreender o que aconteceu com o país nos últimos seis anos sem remontar àquele período de junho de 2013. Da perspectiva política, o filme revisita os marcos principais. Na verdade, o filme começa procurando entender as causas de junho: os sinais ainda latentes de crise econômica, o esgotamento da representação institucional no país, o contexto de crise global das democracias liberais, o grande colapso econômico de 2008. Daí em diante, o filme aborda os atos, propriamente, de junho; a cultura social do engajamento que eles produziram; a formação da polarização; os sentidos da Lava-jato; o impeachment de Dilma Roussef; a emergência das novas direitas e o triunfo final da direita reacionária, com a eleição de Bolsonaro. Sem pretensões ilusórias de neutralidade, procuramos fazer uma investigação sobre o recente processo político, social e cultural do Brasil sendo os mais fiéis possíveis à complexidade que o define”, explica o codiretor Francisco Bosco.
Para entender os capítulos dessa história recente, o documentário entrevistou intelectuais públicos de diversas áreas, tais como o professor de filosofia da Unicamp Marcos Nobre, a socióloga e deputada federal Áurea Carolina, a professora de economia da USP, Laura Carvalho, o economista Samuel Pessoa, o filósofo Pablo Ortellado, o ativista político e produtor cultural Pablo Capilé, a psicanalista Maria Rita Kehl, entre outros.
Imagens de arquivo e vídeos de artistas contemporâneos, como Nuno Ramos, Cao Guimarães, Lenora de Barros e Raul Mourão, juntam-se à narração em off de Fernanda Torres e aos depoimentos de especialistas. Inseridas na reflexão política, ao lado de cenas dos acontecimentos reais, as imagens artísticas ganham novos significados.
“Desde o início, tive total liberdade para pensar um filme experimental, do ponto de vista da imagem. Francisco me convidou para codirigir já com a ideia de usar alguns de meus vídeos. E eu pesquisei a filmografia de outros artistas contemporâneos, busquei esses ‘não filmes’ que circulam em museus e galerias, que não são habitualmente inseridos no cinema tradicional. Eu já acompanhava essa produção ao longo dos anos, mas iniciei uma pesquisa como se fosse a curadoria de uma exposição. A ideia foi ressignificar esses trabalhos, tirá-los de contexto e dar outro sentido completamente diferente do que seus criadores haviam imaginado”, conta o codiretor Raul Mourão.
O documentário surgiu de um ensaio publicado por Francisco Bosco, na Folha de S. Paulo, cinco anos após os fatos de junho de 2013. Julio Worcman, diretor do Canal Curta! convidou o autor, que topou o desafio de transformar o texto em filme, assinando a direção junto com Raul Mourão. A produção ficou a cargo de Rodrigo Letier, da Kromaki, e conta com trilha sonora de Plínio Profeta, sobre música original de João Bosco. Com a coprodução do canal Curta!, o filme tem exibição garantida na TV no início de 2020.
PROGRAMAÇÃO NO FESTIVAL DE BRASÍLIA
26/11 às 20:30. Sessão no IFB Recanto das Emas. Entrada gratuita.
26/11 às 21:00. Sessão no Cine Brasília Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia).
27/11 às 10:00. Gran Mercure Hotel – Salão Jatobá. Debate Mostra Competitiva: sobre os filmes Parabéns a você, Pelano! e O mês que não terminou, com mediação de Anna Karina de Carvalho.
27/11 às 18:00. Sessão no Museu Nacional da República. Entrada gratuita.
TEASERS:
01 – https://www.youtube.com/watch?v=HLLYBtkn85M
02 – https://www.youtube.com/watch?v=P5WCwahEmpk
03 – https://www.youtube.com/watch?v=VE_r1D55GC4
SINOPSE CURTA:
O documentário “O Mês Que Não Terminou” analisa o processo institucional e social do país desde junho de 2013 até a eleição de Bolsonaro, investigando a crise do Lulismo, a Lava-jato, o impeachment de Dilma Rousseff e a ascensão das direitas liberal e conservadora. Vídeos de artistas plásticos colaboram para compor a narrativa.
Ficha Técnica:
- Direção: Francisco Bosco e Raul Mourão
- Narração: Fernanda Torres
- Produção: Rodrigo Letier
- Roteiro: Francisco Bosco
- Trilha Sonora: Plínio Profeta
- Produção Executiva: Roberta Oliveira e Sabrina Garcia
- Direção de produção: Mauro Pizzo
- Direção de Fotografia: Fernanda Tanaka, Kika Cunha e Gustavo Pains
- Técnico de Som: Lia Carvalho, Marcelo Noronha e Rodrigo Aquino
- Montagem: Renata Catharino e Sergio Mekler
- Edição de Som: Denilson Campos
- Produtor de Arquivo: Antonio Venancio
- Produção: Kromaki
- Coprodução: Canal Curta!
- 2019
- Documentário
- Colorido
- Full HD (1920×1080) / 1.78 (16:9)
- Stereo
- 104 minutos
Com obras dos artistas plásticos:
- Raul Mourão
- Wagner Malta Tavares
- Nuno Ramos
- Lucas Bambozzi
- Cabelo
- Marcone Moreira
- Daisy Xavier
- Gabriel Giucci
- Janaína Tschäpe
- Cao Guimarães
- Pablo Lobato
- Cadu
- Lenora de Barros
- Bernardo Pinheiro
Entrevistados:
Laura Barbosa de Carvalho – Professora Doutora do departamento de economia da FEA-USP
Pablo Ortellado – Filósofo, professor universitário e colunista brasileiro. Dá aulas de Gestão de Políticas Públicas na Universidade de São Paulo, mesmo local onde se formou e se pós-graduou, e mantém uma coluna no jornal Folha de S.Paulo.
Maria Rita Kehl – Psicanalista, jornalista, ensaísta, poetisa, cronista e crítica literária brasileira.
Marcos Nobre – Professor de filosofia da Unicamp e autor de Imobilismo em Movimento, pela Companhia das Letras, e Como nasce o novo, pela Todavia.
Tales Ab’saber – Psicanalista. Doutor em Psicologia Clínica/psicanálise pelo Instituto de Psicologia da USP e membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae.
Camila Rocha – Doutoranda em Ciência Política pela Universidade de São Paulo.
Pablo Capillé – Ativista político e produtor cultural brasileiro.
Pedro Guilherme Freire – Doutor em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professor da Rede Pública de Ensino do Rio de Janeiro.
Carla Rodrigues – Professora da cadeira de Ética no Departamento de Filosofia da UFRJ desde 2013. Doutora e mestre em Filosofia pela PUC-Rio.
Áurea Carolina – Socióloga, cientista política e política brasileira, eleita à Câmara Municipal de Belo Horizonte pelo Partido Socialismo e Liberdade em 2016.
Reinaldo Azevedo – Jornalista político brasileiro, de orientação política liberal ou, segundo ele próprio declara, inserido no campo da direita liberal e democrática. Atualmente, Reinaldo é colunista no jornal Folha de S.Paulo.
Joel Pinheiro da Fonseca – Economista e bacharel em filosofia brasileiro. É colunista do jornal Folha de S.Paulo e da revista Exame. É filho do também economista e filósofo Eduardo Giannetti da Fonseca.
Samuel Pessoa – Físico e professor de economia, é pesquisador do FGV IBRE.
Marcos Lisboa – Economista e atual presidente do Insper. De 2003 a 2005, foi secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda do governo Lula. Lisboa exerceu ainda a função de diretor-executivo e vice-presidente do Itaú Unibanco. Ele é colunista da Folha de S.Paulo.
Sobre o diretor – Francisco Bosco
Ensaísta, professor, doutor em teoria da literatura pela UFRJ. Autor de diversos livros, entre os quais A vítima tem sempre razão? Lutas identitárias e o novo espaço público brasileiro (Ed. Todavia, 2017). Ex-colunista do jornal O Globo e da revista Cult. Fundador da rádio Batuta, do Instituto Moreira Salles (rádio digital especializada em música popular do período anterior aos long-plays), fez parte também da comissão editorial da revista Serrote, publicada pelo IMS. Ex-presidente da Fundação Nacional de Artes (Funarte).
Sobre o diretor – Raul Mourão
Raul Mourão é artista plástico, nasceu no Rio de Janeiro em 24 de agosto de 1967. Estudou na Escola de Artes Visuais (EAV) do Parque Lage e expõe seu trabalho desde 1991. Sua obra abrange a produção de desenhos, gravuras, pinturas, esculturas, vídeos, fotografias, textos, instalações e performances. Atualmente, vive e trabalha entre Nova York e Rio de Janeiro.
Nos anos 1980, Mourão criou a série Grades, sobre a paisagem urbana, que desemboca em trabalhos até os dias atuais. Nos anos 2000, sua pesquisa toma novo caminho, o das esculturas cinéticas, com obras exibidas em diversas exposições individuais e coletivas no Brasil e no exterior. Mourão também atuou como produtor e curador, e lançou os livros ARTEBRA (Casa da Palavra, 2005), MOV (Automatica, 2011) e Volume 1 (Automatica, 2015).
Sobre o Produtor de Arquivo – Antonio Venancio
Pesquisador audiovisual, especializado em direitos autorais e direitos de imagem, bacharel em Cinema e Televisão pela Universidade de Nova Iorque, Tisch School of Arts e membro da FOCAL – Federation of Commercial Audiovisual Libraries. Participou de projetos como No Intenso Agora (2017) de João Moreira Salles, Imagens do Estado Novo (2016) de Eduardo Escorel e Senna (2010) de Asif Kapadia.
Sobre a Produtora – KROMAKI
A Kromaki existe desde 2010, mas foi apenas no segundo semestre de 2018 que a produtora finalmente ganhou casa, equipe e novos projetos, pensando em projetos diferenciados, com alta qualidade de produção e em novos talentos.
Como sócio da TvZERO, Rodrigo Letier transitou nos mais diversos gêneros, em todo tipo de mídia: no cinema comercial, produziu “Bruna Surfistinha” que vendeu mais de dois milhões de ingressos. Fez comédia (“Julio sumiu”), drama biográfico (“Nise – O coração da loucura”) e thriller (“O nome da morte”). Produziu também “Gabriel e a montanha”, vencedor de dois prêmios da Semana da Crítica em Cannes 2017 e “Benzinho”, abertura do Festival de Sundance 2018. Entre os documentários, destacam-se “A pessoa é para o que nasce”, “Simonal – ninguém sabe o duro que dei”, “Onde a coruja dorme” e “Herbert de perto”. Na televisão, “Socorro! Meu filho come mal”, “Histórias de adoção”, “Eu sou assim”, “Sangue Latino” e “#mechamadebruna” para a Fox Premium, com três temporadas de sucesso em toda a América Latina.
A Kromaki foca em projetos para todas as mídias e de todos os gêneros, sejam voltados para um objetivo mais comercial nacional, sejam voltados para um objetivo de sucesso em carreira internacional, mas sempre pensando em projetos diferenciados, com alta qualidade de produção e trabalhando com novos talentos.
Sobre o Canal Curta!
O Curta! é um canal independente, dedicado às artes, cultura e humanidades. São assuntos do canal: música, cinema, dança, teatro, artes visuais, história, filosofia, literatura, psicologia, política e sociedade. Documentários em curta, média e longa-metragens predominam na programação, que traz também séries e cinema de ficção. Peças jornalísticas e vídeos em parcerias com instituições culturais enriquecem e dinamizam os intervalos.
O Canal CURTA! acolhe a experimentação e se orgulha de ser um parceiro dos realizadores, artistas e criadores. Seu compromisso é transmitir ao menos 12 horas por dia da melhor programação brasileira, assim como programação estrangeira de qualidade.