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Projeto “Nossas vozes” estreia no dia 13 de maio e debate racismo estrutural

Data em que a Lei Áurea completa 133 anos no Brasil marca início de série de lives sobre crimes de ódio contemporâneos sob perspectiva histórica.

Cartaz Divulgação

A memória é uma prática. Precisa de repetição para se manter viva e aberta para mudanças de narrativa. Como lembrar da escravidão? Como lembrar do holocausto? Como dar significado a eventos traumáticos do passado, enquanto atos e estruturas racistas e antissemitas continuam ameaçando a vida e o convívio nos dias de hoje?

Essas são indagações presentes no projeto “Nossas vozes. A escuta nas políticas de memória”, uma série de lives para discutir o ódio e o racismo contemporâneos sob uma perspectiva histórica, que tem início nesta quinta-feira, 13 de maio. A data marca os 133 anos da assinatura da Lei Áurea no Brasil, o último país do Ocidente a abolir a escravidão, e mais recentemente foi ressignificada como Dia Nacional de Denúncia contra o Racismo. 

A série de lives será transmitida no canal do Goethe-Institut no YouTube (https://www.youtube.com/goetheinstitutriodejaneiro) e terá quatro encontros. O primeiro, com o tema Políticas de Memória – Colonialismo e Holocausto, acontece neste 13 de maio, às 17h, com a participação de Felix Axster, historiador alemão do Centro de Estudos de Antissemitismo da Universidade Técnica de Berlim; Leandro Santanna, ator, diretor de teatro e diretor do MUHCAB – Museu da História e Cultura Afro-Brasileira; e Luciane Dom, cantora, compositora e historiadora. A moderação será feita por Astrid Kusser Ferreira e David Alfredo. E a tradução ficará a cargo de Raquel Luciana de Souza.

“Há alguns anos, nos debates sobre a política de memória na Alemanha, tem um atrito entre as memórias do Holocausto e do colonialismo. Qual a possibilidade de referências solidárias além da concorrência e da hierarquização?”, questiona o historiador Felix Axster, coorganizador da tradução do livro “Multidirectional Memory. Remembering the Holocaust in the Age of Decolonization” (“Memória Multidirecional. Lembrando o Holocausto na Época da Decolonização”), de Michael Rothberg.

Os debates, realizados em parceria entre o Cine Educação e o Goethe-Institut, jogam luz nos temas apresentados pela exposição “Nossa Luta: a perseguição dos negros durante o Holocausto”, sobre o tratamento dado pelos nazistas aos afro-germânicos e africanos. Realizada pelo Museu do Holocausto de Curitiba em parceria com a Clínica de Direitos Humanos da PUC do Paraná e com o Centro Cultural Humanita, a mostra chegou ao Rio de Janeiro em 2020, com o apoio do Goethe-Institut. A visitação, no entanto, teve de ser interrompida devido às restrições impostas pela pandemia de covid-19. O resultado das pesquisas foi lançado na internet como material educativo, que pode ser acessado gratuitamente em www.museudoholocausto.org.br/downloads/NossaLuta.pdf.

Minibios

Felix Axster é historiador no Centro de Estudos de Antissemitismo da Universidade Técnica de Berlim e coorganizador da tradução do livro “Multidirectional Memory. Remembering the Holocaust in the Age of Decolonization” (“Memória Multidirecional. Lembrando o Holocausto na Época da Decolonização”), de Michael Rothberg.

Leandro Santanna, ator e diretor de teatro, é diretor do MUHCAB – Museu da História e Cultura Afro-Brasileira. Com participação em mais de 30 espetáculos, foi indicado ao Prêmio Shell de melhor ator por seu papel em “Lima entre nós”. Reúne diversas participações em filmes e novelas, sendo um dos articuladores da Rede Baixada Encena e da Frente Teatro RJ, além de membro da coordenação externa do Artes Cênicas em extensão – UNIRIO.

Luciane Dom é cantora e historiadora. Vive no Rio de Janeiro e representa uma nova geração de artistas no Brasil. Sua música, que combina ritmos e elementos do afrobeat, reggae e modern jazz, denuncia a injustiça e a desigualdade social. 

Raquel Luciana de Souza é acadêmica interdisciplinar afro-brasileira, tradutora e intérprete, doutora em Antropologia Social, com especialização em Estudos da Diáspora Africana pela Universidade do Texas em Austin. 

David Alfredo é graduado em História pela Universidade Cândido Mendes. Desde 2010, dedica-se à educação museal, tendo passado pelos programas educativos e por exposições de instituições como CCBB-RJ, MAM-Rio, Academia Brasileira de Letras, Galpão Bela Maré, Museu de Arte Popular Janete Costa e Museu do Amanhã. Neste, coidealizou o programa Evidências das Culturas Negras.

Astrid Kusser Ferreira é doutora em História e coordenadora da programação cultural do Goethe-Institut Rio de Janeiro.

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